04/06/2009

NO APARTAMENTO DA VAGABUNDA (Girls just wanna have fun...)

Domingo, 1º de maio de 2004, dia do trabalhador – Depois das 05:00



Eu que não estava afim de papo nenhum, ainda mais no meio daquelas putas todas, cortei o cara. Quando entramos no prédio a vagabunda pediu silêncio. Ridículo. Uma puta deve saber que a sua classe não sabe fazer silêncio, ainda mais em bando. Cheguei no AP e no meio da escuridão vi um baita gordo saindo da cama meio pelado, quando a luz acendeu o gordo já estava botando uma camisa e aquele monte de banha se dobrando por baixo, olhei em volta e o quarto todo era um chiqueiro só, e aquele monte de puta tomando Kaiser. Se eu descesse no inferno até o diabo ia rir da minha cara. Como o clima não estava muito legal, a vagabunda falou:
- É o meu irmão!

E o gordo me olhou como se nos conhecêssemos de outra encarnação e cada um de nós sabia quem não devia estar ali, e ele completou:
- Irmão de criação...

Porra! Falando desse jeito o cara deve ser protagonista do Linha Direta. Nessa hora eu já sabia que devia me mandar, só que a putaiada toda achava que ainda ia rolar a maior festa e eu que, no máximo, teria vontade de comer a tal da Juliana, sabia que a permanência ali já não era agradável, muito menos amistosa. O idiota do Tom começou a se entrosar e eu tive que avisar ele dos riscos que corria. Pronto, comecei a falar inglês e o Tom virou o centro das atenções. Ou um alvo, sob outro ponto de vista. Pelo menos pra vagabunda que morava ali, e era tão feia que eu não comeria ela nem muito bem pago. Imagina então dar beijo na boca do jeito que o idiota estava dando. Tom era o pior, israelense que vinha da Austrália visitar um amigo no Brasil e agora estava num apartamento cheio de putas que ele não iria comer, ainda por cima dando beijo na boca da mais feia, só faltava passear com a Chiquita no Parcão que nem eu fiz. Idiota. O Tom, não eu. Eu calculava meus passos, se é que bêbado sabe calcular. Do nada o gordo se pronunciou.
- Se tivesse avisado eu fazia um churrasco, só que aqui não tem churrasqueira.

E eu deixei de ser porta voz do israelense idiota e falei pra minha puta.
- Tá na hora.

O gordo já não olhava pro Tom muito amigavelmente – eu acho que o gordo comia a irmãzinha e ficou com ciúmes do gringo – e antes que a coisa estourasse sai da sala. Tutti, esse era o apelido da minha puta, fez uma convocação de retirada que ninguém entendeu, só o gordo, e lá estava ele abrindo a porta pra matilha. Fui o primeiro e a putaiada veio atrás. O israelense paraguaio ainda não entendia porra nenhuma, e eu acho que até a terceira porrada ele ainda não estaria entendendo. Caminhando pela Farrapos cheio de pó na cabeça eu me sentia num conto de fadas, Branco de Neve e as Sete Anais. Tom era o caçador desarmado no desenho errado, só podia se fuder. Os caras na rua tentavam trovar a tal Juliana e a Chris (o agá é por minha conta) e ficavam fulos comigo. Um cara feio pra caralho rodeado por todas aquelas putas. Ok, feio, mas eu não sou ajudante de pedreiro, office boy ou sei lá que profissão fudida que estes idiotas que vagam pela Farrapos na sexta à noite exercem. Se bem que essas putas na minha opinião – com exceção de duas – não valiam uma punheta mal acabada. A bundinha da Juliana. Eu olhava praquela bundinha e me imaginava inundando o buraco do seu cuzinho, eu comeria a Juliana umas três vezes – no máximo – na mesma noite e teria que ser num motelzinho bem barato, pois ela não merecia champagne nem porra nenhuma. Porra só a minha, pois nem camisinha ela merecia e ainda por cima, no final eu iria dizer pra ela – numa entoação vocal bem triste – que eu tinha um problema sério, e deveria tê-la avisado, que eu havia sido infectado acidentalmente compartilhando uma seringa contaminada e infelizmente agora ela já devia estar infectada também. Imagina o que isso provocaria na cabeça de uma pessoa. Agora imagina na cabeça da puta, que vive disso. Terror psicológico da melhor qualidade. Um filme a parte dentro do livro, e eu fingindo chorar e pedir desculpas enquanto ela tentaria me encher de tapas e unhadas. Mas a realidade era outra, aquela bundinha rebolava caminhando na minha frente e o meu pau nem pensar em endurecer. Tem momentos em que o medo de uma broxada se torna maior que a vergonha de uma ereção pública. A coca estava detonando o meu potencial sexual, cada vez mais eu descobria os efeitos destruidores do meu brinquedinho, só que como todo bom usuário, tinha achado companhia. A Tutti adorava dar uns tecos. Eu fui descobrindo lá no Kimbal, onde toda noite é uma aventura diferente. Como não poderia entrar com a minha cerveja lá dentro, demos uma parada na esquina e eu pensei até em dar uma mijada, mas na dúvida e por respeito eu evitei.

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