04/06/2009

SOZINHO NO KIMBAL

Domingo, 1º de maio de 2004, dia do trabalhador – Amanhecendo



Chegamos, na entrada dei quinze reais pro Paulão que não tinha troco, as putas não pagam nada, entrei e fui curtir a festa. Neste dia os terroristas haviam ficado em casa e eu estava sozinho em terreno hostil, tive que atacar de homem bomba, ou eu saía ou ninguém. Lá dentro as cadelas entravam e saíam do banheiro uma dúzia de vezes. A farinhada rolava solta e elas cada vez mais animadas pela festa. Freqüentadores, os de sempre, o Albino de abrigo jogging e chinelo de dedo que mais tarde eu descobri ser o DJ de lá e o Gordinho da Bidê. Esse sim era estranho, na primeira vez que eu fui, vi ele chegar de calça de abrigo cinza, tênis yatch, casaquinho azul-marinho de crochê – que a avó deve ter feito antes de eu nascer – e uma camiseta amarela da Bidê ou Balde. Ele senta no palco e fica esfregando o casaco e se lambendo até o bar fechar, nunca toca ninguém, nem fala nada. Eu sinceramente tenho medo do Gordinho da Bidê, ele sim é perigoso. Calmo como uma bomba. Acho que ele nem se masturba pra não perder a concentração. Ambíguo isso. As putas não paravam de cheirar e eu que já tinha cheirado tudo o que podia comecei a encher a cara mesmo, sem pudor, tentando aliviar a garganta. O problema era um só, hoje eu tinha certeza de que teria que comê-la e quem sabe alguma outra, e cada vez que eu pensava no meu pau, lembrava do meu nariz entupido. Como eu não queria fazer feio, aproveitava as vezes em que elas iam no banheiro feminino cheirar e entrava no masculino dizendo que ia mijar e tentava tocar uma punheta pra ver se o pau respondia. O pessoal deve ter pensado que eu era o maior doente pervertido da face da terra. Claro que o clima não era o melhor, mas naquele momento o meu pau não levantava nem com bandinha de música, e eu dê-lhe trago. Cerveja e samba. Dê-lhe trago, as putas cheirando, um monte de caras rodeando elas e eu já nem dava bola. Dê-lhe trago. Meu pau se tornou uma incógnita, aquele momento em que se chega a pensar que é brocha e nunca soube. Com aquele monte de puta quase pelada se esfregando e ele nem se mexia. Me esnobando. Oh beleza! Eu com a bexiga cheia de cachaça e não conseguia mijar, dá pra piorar? Dá! A Tutti resolveu me dar atenção e começou a dançar na minha frente esfregando o rabo no meu pau, só que ao invés do vivente dar sinais de ereção, ele ameaçava me mijar todo. A essa altura a minha vontade era só de ir embora, eu não deixava ela se enroscar muito pra puta não ver que eu estava inerte, porque o que uma puta mais odeia é um cara que vai comê-la e não consegue. Ainda mais se ele não pagar nada. Além disso havia o risco de eu me empolgar e acabar me mijando todo, o que com certeza seria irremediável. Eu estava tão bêbado que já estava ficando sóbrio. Dando a volta em mim mesmo. Não tinha mais noção de como mijar. Como um recém-nascido eu simplesmente esqueci, entrava no banheiro, balançava o pau e não sabia o que fazer tamanho o nervosismo. Fazia tanta força pra mijar que uma hora quase me caguei todo. Me irritei e resolvi ir embora, já eram sete da manhã, a puta meio que se enrolou e eu disse que ia de qualquer jeito, rapidamente ela decidiu me seguir. Saindo na porta o Paulão me estendeu a mão com os três reais que me devia de troco e a puta ficou embasbacada com a cena, nem comentei o porque, não devo satisfação pra ela. Voltamos pro posto – onde eu tinha deixado o carro estacionado sujeito a guincho – e eu comprei uma cerveja pra ela e uma água pra mim. Entreguei a cerveja pra ela se ocupar um pouco enquanto eu ia no banheiro tentar mijar, inútil, fiz até o esquema de deixar a torneira aberta mas não adiantou. Eu não sabia mais mijar. Voltei pro carro, ela começou a se esfregar em mim e eu aguardando os minutos passarem, imagino o que o pessoal do posto devia estar pensando. Eles devem ser treinados para entender isso, já que trabalham na Farrapos. De repente, do nada aparecem a Juliana e a Chiquita fazendo escarcéu no posto de gasolina e a Tutti me fez menção de ir embora, fiquei em dúvida mas entramos no carro. Liguei.
- Tu vai deixar elas aí? – Perguntei e fui tirando o carro da vaga e ela:
- Porque, tu quer levar elas junto pra encher o saco?

Fui saindo do posto e as duas começaram a gritar, e eu:
- Tem certeza que não quer falar com elas?
- Se tu quiser pára!

Foi quando eu percebi que putas são traiçoeiras mas também tem ciúmes, e então fui embora do posto. Fiz o retorno e segui rodando pela Farrapos até a Sertório, em decorrência do alto nível etílico os diálogos desses instantes não são muito claros na minha mente, por isso não sei de quem partiu a iniciativa de ir pro motel. Apesar de que era óbvio. Passei em frente ao Taiko.
- Olhai, que tu acha?

Mas ela não fez muito alarde, então eu fui direto pro Medieval e dirigi o carro até a entrada, dessa vez sem pedir opinião. Quando paramos no guichê e a atendente veio na janelinha:
- Pra vocês o que seria?

Fiquei olhando a tabela ao lado, quase sem enxergar e ela impaciente se debruçou por sobre mim e falou pra atendente:
- Qualquer coisa que tenha cama e um banheiro! – E eu só complementei num tom menos agressivo:
- Um apartamento por favor...
- Número quatro.

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